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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

NOÇÕES DE TERAPIA OCUPACIONAL E ATIVIDADES LÚDICAS E EDUCACIONAIS



NOÇÕES DE TERAPIA OCUPACIONAL E ATIVIDADES LÚDICAS E EDUCACIONAIS
As comunidades terapêuticas surgiram a partir das observações clínicas de Maxwell Jones (1953). Psiquiatra do exército inglês, Jones começou a desenvolver esse modelo para soldados com traumas decorrentes da II Guerra Mundial. Com esse propósito, organizou um serviço de internação baseado em abordagens educativas, encenações dramáticas e discussões, dentro de um ambiente pautado pelas normas de convivência em grupo. Posteriormente, ampliou seu modelo para outras patologias crônicas. Jones considerava que seus pacientes "representavam o 'fracasso' na sociedade; eles advinham primordialmente de famílias desestruturadas e eram desempregados; inevitavelmente, desenvolveram atitudes anti-sociais na tentativa de se defenderem contra aquilo que lhes parecia ser um ambiente hostil"2. Para estes, a construção de padrões de relacionamento nunca adquiridos durante a vida só seria estimulada dentro de um ambiente grupal seguro e terapêutico.
Durante os anos 50, as comunidades terapêuticas ganharam grande notoriedade como uma alternativa para o tratamento psiquiátrico manicomial. As comunidades terapêuticas exclusivamente desenhadas para o tratamento da dependência de álcool e drogas começaram a surgir durante os anos sessenta. O modelo de tratamento preconizado pelos Alcoólicos Anônimos apareceu em 1935. Ele fora criado por Bill Wilson, então dependente de álcool, e pelo médico Robert Smith. Juntos, iniciaram um processo de recuperação baseado na ajuda mútua. Essa união resultou na criação da Alcoholics Foundation (1938) e na publicação do livro Alcoholics Anonymous (1939), um guia para a sobriedade, baseado na prática dos Doze Passos4. A essência dos Alcoólicos Anônimos é o modelo espiritual: o alcoolismo é entendido como uma condição na qual o indivíduo torna-se incapaz de superar-se por si só. A esperança de mudança consiste em entregar a vida a uma força superior e a partir daí, segui-la rumo à recuperação5. Wilson e Smith acreditavam em alguns preceitos fundamentais à recuperação: [1] praticar os Doze Passos, [2] confiar em um poder divino superior, [3] dividir experiências, forças e esperanças, [4] manter-se ativo, [5] um dia após o outro pelo resto de nossas vidas ("só por hoje não bebi"), [6] um aperto de mão, um sorriso e um abraço são sempre possíveis4.
A partir da compreensão de que o cliente pode vivenciar melhor o aspecto educativo através do lúdico, surgiram novas modalidades de atividades lúdicas e educacionais como a:
- MUSICOTERAPIA
É uma forma de tratamento que utiliza a música para ajudar no tratamento de problemas, tanto de ordem física quanto de ordem emocional ou mental. A musicoterapia como disciplina teve início no século 20, após as duas guerras mundiais, quando músicos amadores e profissionais passaram a tocar nos hospitais de vários países da Europa e Estados Unidos, para os soldados veteranos. Logo os médicos e enfermeiros puderam notar melhoras no bem-estar dos pacientes.
O musicoterapeuta pode utilizar apenas um som, recorrer a apenas um ritmo, escolher uma música conhecida e até mesmo fazer com que o paciente a crie sua própria música. Tudo depende da disponibilidade e da vontade do paciente e dos objetivos do musicoterapeuta. A música ajuda porque é um elemento com que todo mundo tem contato. Através dos tempos, cada um de nós já teve, e ainda tem, a música em sua vida.
A música trabalha os hemisférios cerebrais, promovendo o equilíbrio entre o pensar e o sentir, resgatando a "afinação" do indivíduo, de maneira coerente com seu diapasão interno. A melodia trabalha o emocional, a harmonia, o racional e a inteligência. A força organizadora do ritmo provoca respostas motoras, que, através da pulsação dá suporte para a improvisação de movimentos, para a expressão corporal.
Sendo inerente ao ser humano, a música é capaz de estimular e despertar emoções, reações, sensações e sentimentos. Qualquer pessoa é susceptível de ser tratada com musicoterapia. Ela tanto pode ajudar crianças com deficiência mental, quanto pacientes com problemas motores, aqueles que tenham tido derrame, os portadores de doenças mentais, como o psicótico, ou ainda pessoas com depressão, estressadas ou tensas. Tem servido também para cuidar de aidéticos e indivíduos com câncer. Não há restrição de idade. Particularmente são indicados no autismo e na esquizofrenia, onde a musicoterapia pode ser a primeira técnica de aproximação.
Um bom exemplo disso tem sido o uso da musicoterapia, no auxílio do tratamento da doença de Alzheimer. Doença de caráter progressivo e degenerativo tem, entre seus primeiros sinais, o esquecimento, a dificuldade de estabelecer diálogos, as mudanças de atitude e a diminuição da concentração e da atenção.
A musicoterapia ajuda a estimular a memória, a atenção e a concentração, o contato com a realidade e o esforço da identidade. Trabalha-se ainda a estimulação sensorial, a auto-estima e a expressão dos sentimentos e emoções.

- LUDOTERAPIA

É a psicoterapia realizada através do lúdico, "do brincar" e tem como objetivo facilitar a expressão da criança. É através do brincar que a criança tem maior possibilidade de expressar seus sentimentos e conflitos e buscar melhores alternativas para lidar com seus conflitos.
A Ludoterapia é uma técnica psicoterápica usada no tratamento dos distúrbios de conduta infantis. Pode ser individual ou grupal. 
Baseia-se no fato de que o brincar é um meio natural de auto-expressão da criança.
A primeira análise realizada com uma criança foi a do Pequeno Hans (Sigmund Freud) e teve grande importância por demonstrar que os métodos psicanalíticos podiam ser aplicados também às crianças.
Coube a Melanie Klein desenvolver a técnica de análise de crianças. Ao iniciar seu trabalho na década de 20 desenvolveu um novo instrumento de trabalho que ficou famoso no mundo inteiro através da terminologia ¨A Técnica do Brincar¨.
Por meio dela foi possível alcançar as fixações e experiências mais profundamente recalcadas da criança e exercer uma influência importante em seu desenvolvimento.
Melanie Klein observou que o brincar da criança poderia representar simbolicamente suas ansiedades e fantasias.
Visto que não se pode exigir de uma criança que faça associações livres, tratou o brincar como equivalente a expressões verbais, isto é, como expressão simbólica de seus conflitos inconscientes. 
Assim como na análise de adultos, as brincadeiras infantis podem nos levar a conhecer os significados latentes e estabelecer correlações com situações experimentadas ou imaginadas por elas, fornecendo à criança a possibilidade de elaborar tais situações.
A Psicoterapia Infantil, então ajudaria a criança a resolver fixações e a elaborar situações traumáticas do seu desenvolvimento.

- HORTICULTURA E JARDINAGEM
A horticultura é uma atividade ligada a plantação de hortaliças, que podem ser destinadas ao consumo humano sendo uma ótima fonte de terapia para os pacientes psiquiátricos, visto que a sistemática das atividades propostas pela horticultura e jardinagem criam no mesmo um senso de ordem e organização.
Jardinagem  é uma atividade (a arte de criar e de fazer a manutenção de plantas) com o objetivo de embelezar determinados locais, públicos ou privados. O paciente adepto da jardinagem, assim como o paciente adepto da horticultura apresentam excelentes resultados quanto ao prognóstico positivo de seus respectivos tratamentos.
XIII. PRINCIPAIS TIPOS DE TRANSTORNO:
13.1. TRANSTORNOS DE HUMOR
Transtornos nos quais a perturbação fundamental é uma alteração do humor ou do afeto, no sentido de uma depressão (com ou sem ansiedade associada). A alteração do humor em geral se acompanha de uma modificação do nível global de atividade, e a maioria dos outros sintomas são  secundários a estas alterações do humor e da atividade, são facilmente compreensíveis no contexto destas alterações. A maioria destes transtornos tendem a ser recorrentes.
21.1.1 DEPRESSÃO: É uma doença que se caracteriza por afetar o estado de humor da pessoa, deixando-a com um predomínio anormal de tristeza. Todas as pessoas, homens e mulheres, de qualquer faixa etária, podem ser atingidas, porém mulheres são duas vezes mais afetadas que os homens. Em crianças e idosos a doença tem características particulares, sendo a sua ocorrência em ambos os grupos também freqüente.
 Causa: Na depressão como doença (transtorno depressivo), nem sempre é possível haver clareza sobre quais acontecimentos da vida levaram a pessoa a ficar deprimida, diferentemente das reações depressivas normais e das reações de ajustamento depressivo, nas quais é possível localizar o evento desencadeador.
As causas de depressão são múltiplas, de maneira que somadas podem iniciar a doença. Deve-se a questões constitucionais da pessoa, com fatores genéticos e neuroquímicos (neurotransmissores cerebrais) somados a fatores ambientais, sociais e psicológicos, como:
  • Estresse;
  • Estilo de vida;
  • Acontecimentos vitais, tais como crises e separações conjugais, morte na família, climatério, crise da meia-idade, entre outros.
 
Diagnóstico: Na depressão a intensidade do sofrimento é intensa, durando a maior parte do dia por pelo menos duas semanas, nem sempre sendo possível saber porque a pessoa está assim. O mais importante é saber como a pessoa sente-se, como ela continua organizando a sua vida (trabalho, cuidados domésticos, cuidados pessoais com higiene, alimentação, vestuário) e como ela está se relacionando com outras pessoas, a fim de se diagnosticar a doença e se iniciar um tratamento médico eficaz.
Sintomas: Podem ser tomadas por um sentimento de raiva persistente, ataques de ira ou tentativas constantes de culpar os outros, ou mesmo ainda com inúmeras dores pelo corpo, sem outras causas médicas que as justifiquem.
Pode ocorrer também uma perda de interesse por atividades que antes eram capazes de dar prazer à pessoa, como atividades recreativas, passatempos, encontros sociais e prática de esportes. Tais eventos deixam de ser agradáveis.
Geralmente o sono e a alimentação estão também alterados, podendo haver diminuição do apetite, ou mesmo o oposto, seu aumento, havendo perda ou ganho de peso.
Em relação ao sono pode ocorrer insônia, com a pessoa tendo dificuldade para começar a dormir, ou acordando no meio da noite ou mesmo mais cedo que o seu habitual, não conseguindo voltar a dormir. São comuns ainda a sensação de diminuição de energia, cansaço e fadiga, injustificáveis por algum outro problema físico.
Sentem-se sem valor, culpando-se em demasia, sentindo-se fracassadas até por acontecimentos do passado. Muitas vezes questões comuns do dia-a-dia deixam os indivíduos com tais pensamentos. Muitas pessoas podem ter ainda dificuldade em pensar, sentindo-se com falhas para concentrar-se ou para tomar decisões antes corriqueiras, sentindo-se incapazes de tomá-las.
Freqüentemente a pessoa pode pensar muito em morte, em outras pessoas que já morreram, ou na sua própria morte. Muitas vezes há um desejo suicida, às vezes com tentativas de se matar, achando ser esta a " única saída " ou para " se livrar " do sofrimento, sentimentos estes provocados pela própria depressão, que fazem a pessoa culpar-se, sentir-se inútil ou um peso para os outros. Freqüentemente a depressão pode afetar o dia-a-dia da pessoa. Muitas vezes é difícil iniciar o dia, pelo desânimo e pela tristeza ao acordar. Assim, cuidar das tarefas habituais pode tornar-se um peso: trabalhar, dedicar-se a uma outra pessoa, cuidar de filhos, entre outros afazeres podem tornar-se apenas obrigações penosas, ou mesmo impraticáveis, dependendo da gravidade dos sintomas.
Dessa forma, o relacionamento com outras pessoas pode tornar-se prejudicado: dificuldades conjugais podem acentuar-se, inclusive com a diminuição do desejo sexual; desinteresse por amizades e pelo convívio social. Isto pode fazer com que o indivíduo se isole, até mesmo dificultando a busca de ajuda médica.

Tratamento: O tratamento médico sempre se faz necessário, sendo o tipo de tratamento relacionado à intensidade dos problemas que a doença traz. Pode haver depressões leves, com poucos aspectos dos problemas mostrados anteriormente, ou pode haver depressões bem mais graves, prejudicando de forma importante a vida do indivíduo.
De qualquer forma, depressões leves ou mais graves necessitam de tratamento médico, geralmente medicamentoso (com medicações antidepressivas), ou psicoterápico, ou a combinação de ambos, de acordo com a intensidade da doença e a disponibilidade dos tratamentos.
Cuidados de Enfermagem:
         Acompanhamento dos clientes (se necessário) às consultas do médico psiquiatra ou do psicólogo.
         Administrar medicação conforme prescrição médica.
         Proporcionar ambiente tranqüilo e confortável.

TRANSTORNO BIPOLAR DO HUMOR: Psicose maníaco-depressiva, transtorno ou doença afetivo bipolar, incluindo tipos específicos de doenças ou transtornos do humor, como ciclotimia, hipomania e transtorno misto do humor.
Até bem pouco tempo conhecida como psicose maníaco-depressiva, a doença bipolar do humor é caracterizada por períodos de um quadro depressivo, geralmente de intensidade grave, que se alternam com períodos de quadros opostos à depressão, isto é, a pessoa apresenta-se eufórica, com muitas atividades, às vezes fazendo muitas compras ou efetuando gastos financeiros desnecessários e elevados, com sentimento de onipotência, quase sempre acompanhados de insônia e falando muito, mais que seu habitual.
Esse quadro é conhecido como mania. Tanto o período de depressão quanto o da mania podem durar semanas, meses ou anos. Geralmente a pessoa com essa doença tem, durante a vida, alguns episódios de mania e outros de depressão.
 É importante ficar claro que mania, no sentido médico, é diferente de mania para o leigo, significando para este hábito que a pessoa sempre repete.
A base da causa para a doença bipolar do humor não é inteiramente conhecida, assim como não o é para os demais distúrbios do humor. Sabe-se que os fatores biológicos (relativos a neurotransmissores cerebrais), genéticos, sociais e psicológicos somam-se no desencadeamento da doença.
Em geral, os fatores genéticos e biológicos podem determinar como o indivíduo reage aos estressores psicológicos e sociais, mantendo a normalidade ou desencadeando doença. O transtorno bipolar do humor tem uma importante característica genética, de modo que a tendência familiar à doença pode ser observada.
O mais chamativo da doença bipolar do humor são os episódios de mania que podem alternar-se, geralmente ao longo dos anos, com a depressão. Os episódios começam a manifestar-se em geral por volta dos 15 a 25 anos de idade, com muitos casos de mulheres podendo ter início entre os 45 e 50 anos. A pessoa apresentando o quadro de mania mostra um humor anormal e persistentemente elevado, expansivo, excessivamente eufórico e alegre, às vezes com períodos de irritação e explosões de raiva, contrastando com um período de normalidade, antes da doença manifestar-se. Além disto, há uma auto-estima grandiosa (com a pessoa sentindo-se poderosa e capaz de tudo), com necessidade reduzida de dormir (a pessoa dorme pouco e sente-se descansada), apresentando-se muito falante, às vezes dizendo coisas incompreensíveis (pela rapidez com que fala), não se fixando a um mesmo assunto ou a uma mesma tarefa a ser feita.
O diagnóstico da doença bipolar do humor deve ser feito por um médico psiquiátrico baseado nos sintomas do paciente. Não há exames de imagem ou laboratoriais que auxiliem o diagnóstico.
A dosagem de lítio no sangue só é feita para as pessoas que usam carbonato de lítio como tratamento medicamentoso, a fim de se acompanhar a resposta ao remédio.
O tratamento medicamentoso, envolvendo uma classe de medicações chamada de estabilizadores do humor, da qual o carbonato de lítio é o mais estudado e o mais usado. A carbamazepina, e o ácido valpróico também se mostram eficazes. Um acompanhamento psiquiátrico deve ser mantido por um longo período, sendo que algumas formas de psicoterapia podem colaborar para o tratamento.

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