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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

TRANSTORNO DE CONDUTA: PSICOPATIAS




A maneira de ser do psicopata é o resultado de um complexo sistema de avaliação do objeto, juntamente com uma série de condutas aprendidas como eficazes.
A Agressão Reativa tem sido definida como uma reação hostil à uma frustração percebida.  O individuo Agressivo Reativo super-reage diante a menor provocação e costuma ser explosivo e instável.
Por outro lado, na Agressão Proativa (ou Depredadora) a pessoa tem uma conduta agressiva e violenta dirigida para uma meta determinada. Este tipo de agressor pode ser perigosíssimo aos demais e uma ameaça criminal para a sociedade.
No desenvolvimento da personalidade, os fatores genéticos, ambientais ou combinações de ambos, capazes de influenciar nos traços de agressividade e impulsividade, atuariam diferentemente em diferentes pessoas.

CARACTERÍSTICAS DA PERSONALIDADE PSICOPÁTICA
Blackburn (1998) fez uma distinção entre dois tipos de psicopatas e ambos compartilhando um alto grau de impulsividade: um Tipo Primário, caracterizado por uma adequada socialização e um Tipo Secundário, caracterizado pelo isolamento social e traços neuróticos.

1 - Os Psicopatas Primários, caracterizados por traços impulsivos, agressivos, hostis, extrovertidos, confiantes em si mesmos e baixos teores de ansiedade. Neste grupo se encontram, predominantemente, as pessoas narcisistas, histriônicas, e anti-sociais. Sua figura pode muito bem se identificar com personalidades do mundo político.
2 - Os Psicopatas Secundários, normalmente socialmente ansiosos e isolados, mal-humorados e com baixa auto-estima. Aqui se encontram anti-sociais, evitativos, esquizóides, dependentes e paranóides. Podem ser identificados com líderes excêntricos de seitas, cultos e associações mais excêntricas ainda.
 
Psicopata Primário
Psicopata Secundário
Traços
Impulsivos, agressivos, hostis, extrovertidos, confiantes em si, baixa ansiedade.
Hostis, impulsivos, agressivos, socialmente ansiosos, isolados, mal-humorados, baixa auto-estima.
Características de personalidade
Narcisistas, histriônicos, anti-sociais.
Anti-sociais, evitativos, esquizóides, dependentes, paranóides.
Performance mental
Maior excitação cortical e autonômica, maior busca de sensações.
Pouca habilidade e dificuldade no convívio social
Atitude Anti-Social
Inicia mais precocemente a carreira criminal, convicção forte para crimes violentos.
Inicia precocemente a carreira criminal, convicção mais firme para roubo.
Outras características
Dominantes, tanto em situações ameaçantes como aflitivas.
Dominantes, tanto em situações ameaçantes como aflitivas, mostram mais fúria diante da ameaça, tanto física como verbal.
O psicopata costuma culpar a outros, mentir com freqüência, buscar continuadamente atenção e ameaçar a outros com violência.
Millon (1998) desenvolveu também uma subtipologia dos psicopatas
1 - O Psicopata Carente de Princípios: Estes psicopatas exibem com arrogância um forte sentimento de autovalorização, indiferença para com o bem estar dos outros e um estilo social continuamente fraudulento. Existe neles sempre a expectativa de explorar os demais.
Há neles uma consciência social bastante deficiente e se faz notória uma grande inclinação para violação das regras, sem se importarem com os direitos alheios.
A irresponsabilidade social se percebe através de fantasias expansivas e de grosseiras, contumazes e persistentes mentiras. Falta, nesses Psicopatas Carentes de Princípios, o Superego. Essa falta é responsável pelos seus relacionamentos inescrupulosos, amorais, desleais e exploradores.
Eles são completamente carentes de sentimentos de culpa e de consciência social. Normalmente sua relação com os demais dura tempo suficiente em que acredita ter algo a ganhar.
Os Psicopatas Carentes de Princípios exibem uma total indiferença pela verdade, e se são descobertos ou desmascarados, podem continuar demonstrando total indiferença. Quando castigados por seus erros, ao invés de corrigirem-se, podem avaliar a situação e melhorar suas técnicas em continuar a conduta exploradora.

2 - O Psicopata Malévolo:
São particularmente vingativos e hostis.  Seus impulsos são descarregados num desafio maligno e destrutivo da vida social convencional.
Desconfiam exageradamente dos outros e, antecipando traições e castigos, exercem uma crueldade fria e um intenso desejo de vingança.
Além de esses psicopatas repudiarem emoções ternas, há neles uma profunda suspeita de que os bons sentimentos dos demais são sempre destinados a enganá-los.
Adotam uma atitude de ressentimento e de propensão a buscar revanche em tudo, tendendo dirigir a todos seus impulsos vingativos.
Quando os Psicopatas Malévolos enfrentam à lei e sofrem sanções judiciais, ao invés de se corrigirem, aumentam ainda mais seu desejo de vingança.
É curioso o fato desses psicopatas serem capazes de dar uma explicação racional aos conceitos éticos, capazes de conhecerem a diferença entre o que é certo e errado, mas, não obstante, são incapazes de experimentar tais sentimentos.,
3 - O Psicopata Dissimulado:
Seu comportamento se caracteriza por um forte disfarce de amizade e sociabilidade. Apesar dessa agradável aparência, ele oculta falta de confiabilidade, tendências impulsivas e profundo ressentimento e mau humor para com os membros de sua família e pessoas próximas.
O dissimulado costuma exibir entusiasmo de curta duração pelas coisas da vida, comportamentos imaturos de contínua buscas de sensações. Seguindo as características básicas e comuns à todos os psicopatas, o dissimulado também tende a conspirar, mentir, a ter um enfoque astuto para com a vida social, a ser calculista, insincero e falso.
A contundente falsidade é a característica principal. O Psicopata Dissimulado age com premeditação e falsidade em todas suas relações, fazendo tudo o que for necessário para obter exatamente o que querem dos outros.
É fortemente manipulador. Essa característica pode ser conseqüência da convicção íntima de que ninguém poderá amá-lo ou protegê-lo, a menos que consiga manipular a todos.  Qualquer um que represente alguma ameaça à sua hegemonia, chegando mesmo a perderem o controle e explodirem em cólera.

4 - O Psicopata Ambicioso:
Perseguem avidamente seus engrandecimentos. Os Psicopatas Ambiciosos sentem que a vida não lhes tem dado tudo o que merecem, que têm sido privados de seus direitos ao amor, ao apoio, ou às gratificações materiais.
Normalmente acham que os outros têm recebido mais que eles, e que nunca tiveram oportunidades de uma vida boa.
Através de atos de roubo ou destruição, se compensam a si mesmos pelo vazio de suas vidas, sem importar-lhes as violações que cometam à ordem social.
Somente a usurpação de bens e coisas alheias podem satisfazê-los.
O prazer psicopático nos ambiciosos está baseado mais em tomar do que
em ter. Além de terem pouca consideração pelos efeitos de sua conduta, sentindo pouca ou nenhuma culpa pelos efeitos de suas ações, como os demais psicopatas, os ambiciosos nunca chegam a sentir que tem adquirido o bastante para compensar suas privações.
 Independentemente de suas conquistas, permanecem sempre ciumentos e invejosos, agressivos e ambiciosos, exibindo todas vezes que podem, posses.
A maioria deles é totalmente centrada em si mesmos, contribuindo isso para sua comum atitude libertina e em busca de sensações.
Esses psicopatas nunca experimentam um estado de completa satisfação, sentindo-se não realizados, vazios, desolados, independentemente do êxito que possam ter obtido.  O Psicopata Ambicioso experimenta não só um sentimento profundo de vazio, senão também uma avidez poderosa de amor e reconhecimento que, segundo ele, não lhe ofereceram na infância.
5 - O Psicopata Explosivo:
Diferencia-se das outras variantes pela emergência súbita e imprevista de hostilidade.
Estes psicopatas são caracterizados por fúria incontrolável e ataque a outros, furor este freqüentemente descarregado sobre membros da própria família. A explosão agressiva se precipita abruptamente, sem dar tempo de prevenir ou conter.
Desgostosos e frustrados na vida, estas pessoas perdem o controle e buscam vingança pelos alegados maus tratos a que foram precocemente submetidos. Em contraste com outros psicopatas, esses não se movem de maneira sutil e afável. Pelo contrário, seus ataques explodem incontrolavelmente, quase sempre, sem nenhuma provocação aparente.
- Diagnóstico: O diagnóstico das psicopatias é ainda hoje de difícil identificação pelos psiquiatras. A avaliação diagnóstica enfrenta uma polêmica internacionalmente conhecida, centrada na divergência entre a valorização maior de entrevistas livres ou aplicação de testes padronizados. Enquanto alguns profissionais baseiam o seu diagnóstico no relato de seus pacientes e exame direto de como ele se manifesta emocionalmente, outros já preferem a utilização de testes padronizados, com questões diretivas.
Para o diagnóstico é necessária uma boa e minuciosa avaliação. Investiga-se toda a história de vida do examinando, verificando a existência ou não de padrão anormal de conduta ao longo de sua história de vida.
Os psicopatas são descritos freqüentemente como indivíduos deficientes de empatia.Empatia é a habilidade de se colocar na posição de outra pessoa; imaginar o que a outra pessoa está experimentando emocionalmente.
Em geral os psicopatas:
1) Entendem muito bem os fatos, mas não se importam;
2) É como se os processos emocionais fossem para eles uma segunda língua;
Em outras palavras, são incapazes de verdadeira empatia e isso pode ser percebido na relação interpessoal no momento da perícia. Esses examinandos podem entender o que os outros sentem, do ponto de vista intelectual, uma vez que a noção de realidade não se altera nestas condições, mas são incapazes de sentir como pessoas normais do ponto de vista dos sentimentos mais diferenciados.
- Tratamento: Existe um debate internacional sobre a viabilidade e o alcance do tratamento dos diversos transtornos de personalidade, sobretudo do tipo anti-social. Os pacientes portadores desse transtorno demandam excessiva atenção por parte da equipe profissional e muitos são considerados irritantes e de difícil manejo.
 Existe alguma evidência sugerindo que pessoas que preenchem critérios plenos para psicopatia não são tratáveis por qualquer forma de terapia disponível na atualidade. O seu egocentrismo em geral e o desprezo pela psiquiatria em particular dificultam muito o seu tratamento.
Diversos tipos de intervenção psicoterápica vêm sendo propostos. Os melhores resultados têm sido apontados por aqueles que têm por objetivo o tratamento de sintomas específicos. A terapia cognitivo-comportamental pode ser útil, mas poucos estudos têm dedicado atenção a essa modalidade terapêutica aplicada.
- Cuidados de Enfermagem: São extremamente restritos, visto que dificilmente encontraremos um Psicopata internado, ou fazendo tratamento psicoterápico. Porém, quando isso ocorrer limitaremos nossos cuidados ao acompanhamento do cliente aos profissionais responsáveis.
Cuidados de Enfermagem:
         Administração de medicação prescrita pelo médico;
         Verificar se o cliente realmente tomou a medicação;
         Acompanhamento do cliente às sessões de psicoterapia.
Fonte: BARROS, Célia Silva. Pontos da Psicologia Geral. São Paulo: Ática, 1993.

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