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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

TRANSTORNOS SEXUAIS OU PARAFILIAS



TRANSTORNOS SEXUAIS OU PARAFILIAS
Uma parafilia (do grego παρά, para, "fora de",e φιλία, philia, "amor") é um padrão de comportamento sexual no qual, em geral, a fonte predominante de prazer não se encontra na cópula, mas em alguma outra atividade. As considerações com respeito ao comportamento considerado parafílico dependem em um grau muito elevado das convenções sociais reinantes em um momento e lugar determinados; certas práticas, como a homossexualidade ou até mesmo o sexo oral, o sexo anal e a masturbação foram consideradas parafílicas em seu momento, embora agora sejam consideradas variações normais e aceitáveis do comportamento sexual.
Entretanto, há quem considere que o excesso na masturbação após a adolescência ou o fato de alguém preferir sempre esta prática do que o contato com outro indivíduo venha configurar-se uma parafilia.
Em linhas gerais, podemos dizer que as parafilias ou transtornos de preferência sexual são distúrbios diretamente relacionados à "escolha" do objeto sexual. O termo escolha está em aspas porque até hoje, apesar de toda contribuição da psicanálise e da biologia, não podemos dizer que a definição de um objeto sexual é totalmente inconsciente, determinada socialmente, ou tem sua origem biológica. O que podemos e devemos afirmar é que esta "escolha" é involuntária.
Na definição do objeto sexual, a pessoa acaba fixando-se ou num determinado comportamento ou fantasia relacionado com qualquer outra coisa que não um outro ser humano adulto - ou adulto jovem -, inteiro e voluntariamente disponível para o ato sexual.  Se pensarmos que fantasias sexuais todos temos, mas elas ocupam uma pequena parte de nossas atividades sexuais, e nos preparam para o ato sexual em si.
Nas parafilias, o ato sexual em si perde a importância tanto para o objeto, quanto para a fantasia.
Segundo autores americanos, só a fantasia duradoura (mais de seis meses) basta para o diagnóstico, não sendo necessário o comportamento - a ação propriamente dita. Só fantasiar de vez em quando, ou usar recursos fantasiosos com a finalidade de incrementar uma relação sexual, não faz de ninguém um parafílico.
Um dado importante, mas que deve - se tomar cuidado com interpretações feministas, é que a quase totalidade das parafilias se dá em homens, muitas vezes heterossexuais.  Tão longa é a lista das possíveis parafilias, quanto a imaginação humana. Aqui, busca-se caracterizar os comportamentos ou fantasias duradouras:
-FETICHISMO
Uso, ou fantasias de uso, de objetos inanimados com a finalidade de estímulo para a realização sexual; muitas vezes os objetos são extensões do corpo humano, como por exemplo, meias ou luvas. Foco parafílico no Fetichismo envolve o uso de objetos inanimados ("fetiches").
Entre os objetos de fetiche mais comuns estão calcinhas, soutiens, meias, sapatos, botas ou outras peças do vestuário feminino. O indivíduo com Fetichismo freqüentemente se masturba enquanto segura, esfrega ou cheira o objeto do fetiche ou pode pedir que o parceiro sexual use o objeto durante seus encontros sexuais.
-EXIBICIONISMO
Exposição da genitália a estranhos, com o intuito de chocar. Geralmente é um homem heterossexual, muitas vezes casado e com uma vida sexual ativa. O foco parafílico no Exibicionismo envolve a exposição dos próprios genitais a um estranho. Às vezes o indivíduo se masturba durante a exposição (ou enquanto fantasia que se expõe).
Em alguns casos, o indivíduo está consciente de um desejo de surpreender ou chocar o observador; em outros, o indivíduo tem a fantasia sexualmente excitante de que o observador ficará sexualmente excitado. O início em geral ocorre antes dos 18 anos, embora possa começar mais tarde.
-PEDOFILIA
Preferência sexual por crianças pré-puberes ou no início da puberdade. Alguns autores estabelecem uma idade máxima de treze anos para a caracterização de pedofilia. O interesse pode ser por meninas, meninos, ou ambos.
O foco parafílico da Pedofilia envolve atividade sexual com uma criança pré-púbere (geralmente com 13 anos ou menos). O indivíduo com Pedofilia deve ter 16 anos ou mais e ser pelo menos 5 anos mais velho que a criança.
Para indivíduos com Pedofilia no final da adolescência, não se especifica uma diferença etária precisa, cabendo exercer o julgamento clínico, pois é preciso levar em conta tanto a maturidade sexual da criança quanto a diferença de idade.
Alguns preferem meninos, outros sentem maior atração por meninas, e outros são excitados tanto por meninos quanto por meninas.  Alguns indivíduos com Pedofilia sentem atração sexual exclusivamente por crianças (Tipo Exclusivo), enquanto outros às vezes sentem atração por adultos (Tipo Não-Exclusivo). Os indivíduos com Pedofilia que atuam segundo seus anseios podem limitar sua atividade a despir e observar a criança, exibir-se, masturbar-se na presença dela, ou tocá-la e afagá-la.
Outros, penetram a vagina, boca ou ânus da criança com seus dedos, objetos estranhos ou pênis, utilizando variados graus de força para tal. Essas atividades são geralmente explicadas com desculpas de que possuem "valor educativo" para a criança, de que esta obtém "prazer sexual" com os atos praticados, ou de que a criança foi "sexualmente provocante”. Os indivíduos podem limitar suas atividades a seus próprios filhos, filhos adotivos ou parentes, ou vitimar crianças de fora de suas famílias.
Alguns indivíduos com Pedofilia ameaçam a criança para evitar a revelação de seus atos. O transtorno geralmente começa na adolescência, embora alguns indivíduos com Pedofilia relatem não terem sentido atração por crianças até a meia-idade.
-SADOMASOQUISMO
Alguns autores dividem em quadro separados, sadismo e masoquismo, outros não. Envolve submissão e/ou inflição de dor, humilhação ou sofrimento.  
O foco parafílico do Masoquismo Sexual envolve o ato (real, não simulado) de ser humilhado, espancado, atado ou de outra forma submetido a sofrimento.
O sádico é quem sente prazer quando provoca dor, sofrimento e humilhação moral a outra pessoa, que pode ou não consentir. Essa dor pode ser desde pequenas dimensões, como tapas e palmadas, passando por chicote, queimaduras, cortes, estupro, até a morte. O importante é que esses atos não são simulados, mas sim reais.
Já o masoquista fica excitado com sofrimento. Algemas, roupas de couro e chicotes fazem parte da sua fantasia sexual. Assim como o sadismo, há o masoquismo "leve", mas também há o masoquismo do tipo "heavy".
A mistura dessas duas práticas consiste no sadomasoquismo. Ora a pessoa causa a dor, ora a pessoa sofre. O sadomasoquismo de maneira leve é considerada uma prática comum.  
As fantasias masoquistas em geral envolvem ser estuprado estando preso ou atado por outros, sem possibilidade de fuga. Outros agem de acordo com seus desejos sexuais masoquistas por conta própria (por ex., atando a si mesmos).
-TRANVESTISMO OU TRAVESTISMO  
Uso de roupas do sexo oposto para a obtenção de prazer sexual. Geralmente é um homem heterossexual, que após a masturbação ou o ato sexual desvencilha-se das roupas.
Não deve ser confundido com o que popularmente chamamos de travesti, que é um homossexual que se veste de mulher com o intuito de atrair outros homens. Nem deve ser confundido, também, com transexual. O foco parafílico do Fetichismo Transvéstico envolve vestir-se com roupas do sexo oposto. Geralmente, o homem com Fetichismo Transvéstico mantém uma coleção de roupas femininas, que usa intermitentemente. Enquanto usa roupas femininas, ele em geral se masturba, imaginando-se tanto como o sujeito masculino quanto como o objeto feminino de sua fantasia sexual.
Este transtorno tem sido descrito apenas em homens heterossexuais. Alguns homens usam um único item de vestuário feminino (por ex., roupa íntima ou cinta-liga) sob suas roupas masculinas.. Quando não está transvestido, o homem com Fetichismo Transvéstico em geral é irreparavelmente masculino.
-VOYEURISMO
Ato de observar, sem a anuência ou consentimento, uma pessoa despir-se, ou em atividade sexual. Geralmente é acompanhada de masturbação.
Atitudes esparsas de voyeurismo na adolescência são comuns e não devem ser consideradas anormais.
O uso de filmes ou revistas pornográficas para a excitação sexual, também não deve ser considerado patológico ou voyeur, tendo em vista que são confeccionados para esta finalidade. 
O orgasmo, em geral produzido pela masturbação, pode ocorrer durante o Voyeurismo ou mais tarde, em resposta à recordação do que o indivíduo testemunhou.
Em sua forma severa, o ato de espiar constitui a forma exclusiva de atividade sexual. O início do comportamento voyeurista geralmente ocorre antes dos 15 anos. O curso tende a ser crônico. 

FROTTEURISMO

Consiste em tocar ou esfregar-se em uma pessoa sem o seu consentimento. O foco parafílico do Frotteurismo envolve tocar e esfregar-se em uma pessoa sem seu consentimento.

O comportamento geralmente ocorre em locais com grande concentração de pessoas, dos quais o indivíduo pode escapar mais facilmente de uma detenção (por ex., calçadas movimentadas ou veículos de transporte coletivo).

Ele esfrega seus genitais contra as coxas e nádegas ou acaricia com as mãos a genitália ou os seios da vítima. Ao fazê-lo, o indivíduo geralmente fantasia um relacionamento exclusivo e carinhos com a vítima.

A maior parte dos atos deste transtorno ocorre quando a pessoa está entre os 15 e os 25 anos de idade. 

AUTONEPIOFILIA
A pessoa se excita ao fingir que é um bebê de fraldas e seu parceiro precisa tratá-la como tal. Já quando a pessoa finge que é uma criança, o caso é de infatilismo parafílico, e quando é uma adolescente, estamos falando de juvenilismo parafílico.
AGALMATOFILIA: Nesse caso, a excitação não é com pessoas, mas com a observação de uma estátua ou modelo representativo de pessoa nua.
ESCATOFILIA: Quando a pessoa precisa ter conversas íntimas com pessoas conhecidas ou desconhecidas, com um linguajar vulgar. Também conhecida como telefonescaptofilia.
SOMNOFILIA: O indivíduo só consegue se excitar quando acorda um desconhecido fazendo-lhe carícias eróticas, até mesmo o sexo oral, mas sem que seja preciso o emprego da força ou violência.
NARRATOFILIA: A pessoa só obtém excitação se contar histórias eróticas ao parceiro, principalmente aquelas consideradas sujas, pornográficas ou obcenas.
GERONTOFILIA: Atração sexual por parceiros muito mais velhos (com a idade de seus pais ou avós, por exemplo).
ZOOFILIA: Praticar sexo com animais ou assistir momentos de cópula é o que dá prazer ao praticante da zoofilia. Pode parecer estranho, mas isso acontece em regiões rurais. Normalmente, a prática desaparece quando a pessoa inicia um relacionamento com humanos.
FORMICOFILIA: Consiste na excitação através do contato com pequenos animais, tais como caracóis, rãs, formigas e outros insetos que deslizam, arrastam-se ou mordam os genitais, a região do períneo e os mamilos.
HIFEFILIA: É quando a pessoa fica excitada por meio do toque ou roçar na pele de materiais que sejam utilizados nas áreas eróticas do corpo, tais como pelo, couro e tecido.
MISOFILIA: Cheirar, mastigar ou realizar outra ação com roupas sujas, suadas ou com artigos de higiene menstrual é o que deixa o misófilo excitado.
OLFATOFILIA: É a excitação a partir de odores das diferentes partes do corpo, principalmente os órgãos genitais.
COPROFILIA: São as pessoas que gostam de um sexo com fezes, urina ou vômito. O indivíduo excita-se e obtém prazer através do contato com excrementos ou inalação de seu cheiro. Quando a estimulação erótica se dá através do cheiro da urina, pode ser chamada de renifleurismo; se a urina for ingerida, chama-se urofilia.
NECROFILIA: Pessoas que tem preferência por ter relações sexuais com cadáveres.
ERETOFONOFILIA: Quando o sujeito se excita com a possibilidade de matar o companheiro, sendo a morte o seu momento de orgasmo.
HIBRISTOFILIA: É a atração por criminosos perigosos, que tenham cometido crimes como violação, assassinato ou roubo armado.
CREMATISTOFILIA: O indivíduo se excita quando é obrigado a pagar ou então é roubado por sua parceira sexual.
KLEPTOLAGNIA: É a gratificação erótica provocada pelo roubo. Quando o roubo é na casa de um desconhecido ou parceiro em potencial, pode ser chamado de Kleptofilia.

ESTIGMATOFILIA: Atração por parceiros que tenham tatuagens, cicatrizes ou perfurações no corpo com finalidade de uso de jóias de ouro, principalmente na região genital.
CLISMAFILIA: Refere-se à excitação erótica provocada pela injeção de alguma substância no reto, geralmente água ou solução medicamentosa.
NORMOFILIA: Por incrível que pareça, ser certinho demais também pode ser considerado um parafílico. A normofilia é a excitação através da plena concordância com os padrões sociais, religiosos e legais.
Os parafílicos sofrem não só psiquicamente, mas também socialmente, pois, em nossa sociedade, estes comportamentos são de difícil aceitação.
Tratamentos existem, mas ainda têm efeitos parciais, e dependendo do tipo de parafilia, quase nenhum, pois dificilmente o parafílico, acredita, em primeiro lugar, que possua uma doença mental, então obviamente, não procurará ajuda psiquiátrica. 
Fonte: Apostila Senac Saúde. (2010).

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