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quarta-feira, 14 de março de 2012

ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA SAÚDE MENTAL




 Em 1947, Helena Willis Render, foi a primeira autora a introduzir a idéia de que o relacionamento entre o (a) enfermeiro (a) e o paciente, é de um potencial terapêutico significativo. Em 1952, a enfermeira, médica e educadora, Hildegard E. Peplau, escreveu um livro que revolucionou o ensino e a prática da enfermagem psiquiátrica nos Estados Unidos, tendo como enfoque o potencial terapêutico do relacionamento de pessoa para pessoa. Desde então, a enfermagem psiquiátrica vem ampliando sua visão utilizando os conceitos originalmente propostos por Render e Peplau.
Para Stuart & Laraia (2002), “ o relacionamento terapêutico entre enfermeira e paciente é uma experiência de aprendizado mútuo e uma experiência emocional corretiva para o paciente. Nessa relação, a enfermeira utiliza a si próprio e as técnicas clinicas especificadas na trabalho com o paciente para gerar introvisão e alteração comportamental do paciente”.
 Também para Stuart & Laraia os objetivos de um relacionamento terapêutico são direcionados no sentido do crescimento do cliente e incluem o seguinte.
      · Auto – realização, auto – aceitação, e auto – respeito aumentados.

      · Senso claro de identidade pessoal e da integração pessoal melhorada.

      · Capacidade de formar relacionamentos íntimos, interdependentes e interpessoais com         capacidade de dar e receber amor.
 Segundo Taylor (1992) , “ a (o) enfermeira (o)  possui uma ferramenta singular que pode ter mais influência sobre o cliente do que qualquer medicamento ou terapia: ele (a) mesmo.” Para tanto, faz-se necessário uma auto-análise que constitui um aspecto essencial para ser capaz de fornecer os cuidados de enfermagem terapêuticos, como:· Esclarecimento dos valores; Exploração dos sentimentos; Capacidade de servir como exemplo e senso de ética e responsabilidade.

      1.1 Fases do Relacionamento de acordo com Stuart & Laraia (2002)
      Há quatro fases seqüênciais do relacionamento entre o (a) enfermeiro (a) e o cliente:
      1. Fase de Pré- interação: explorar seus próprios sentimentos, fantasias e medos, analisando seus pontos fortes e suas limitações profissionais. Obter dados sobre o paciente, quando possível. Planejar o primeiro encontro com o paciente.
     
       2. Fase introdutória ou de orientação: determinar o motivo pelo qual o cliente procurou ajuda, estabelecer confiança, aceitação e comunicação franca, explorar os pensamentos, os sentimentos e as ações do cliente identificando os problemas, definir objetivos com o cliente, bem como, estabelecer acordo mútuo para incluir nomes, funções, responsabilidades, expectativas, finalidade, local de encontro, condições para o término e confidencialidade.

       3. Fase de trabalho: investigar os estressores relevantes, promover o desenvolvimento da introvisão do paciente e o uso de mecanismos de adequação construtivos, discutir e superar os comportamentos de resistência.

       4. Fase de encerramento: estabelecer a realidade da separação, rever o progresso da terapia e o alcance dos objetivos, explorar mutuamente os sentimentos de rejeição, perda, tristeza e raiva ajudá-lo transferir para suas interações com os outros o que aprendeu no relacionamento, enfermeiro (a) – cliente.
      A ultima fase necessita de um cuidado especial para ser realizada, uma vez que, o término do relacionamento pode ser um experiência traumática tanto para o (a) enfermeiro (a) quanto para o cliente, porque compartilham muitos coisas pessoais e importantes. Alguns clientes podem ficar deprimidos, e inconscientemente, acreditar que foram pessoalmente responsáveis pela perda do (a) enfermeiro (a), outros podem reagir de maneira agressiva ou até mesmo negar ter conhecimento sobre o término da relação. Assim, o profissional também experimentará um senso de perda, vista que, investiu muito tempo, energia, pensamentos e emoções no cliente. Caso não reconheça este sentimento de perda, ele pode demonstrar uma preocupação indevida com o bem estar futuro do cliente, encorajando-o a permanecer por mais algumas sessões, ou estimulando sua dependência. Enfatizando que, tem um efeito muito negativo os clientes não receberem uma oportunidade para expressar seus sentimentos em um situação assim ou não obterem auxilio para lidar com os mesmos, com grande possibilidade de reativar antigos sintomas já manifestados.

XVI. COMPORTAMENTO DO TÉCNICO EM ENFERMAGEM
O (a) Técnico(a) de Enfermagem: É o profissional pertencente à área da saúde, integrante da equipe de enfermagem sob supervisão do enfermeiro, com exercício regulamentado pela lei do exercício profissional, com capacitação para desenvolver ações de promoção, recuperação da saúde, prevenção de doenças e reabilitação à sociedade, quer no âmbito individual quanto no coletivo.
Atuante como agente de transformação da realidade em que se insere através dos processos de trabalho em enfermagem, tendo como bases a fundamentação técnico-científica específica, a visão ético-política e educativa que contribuam para a qualidade assistencial.
Os técnicos de enfermagem desempenham papéis importantes, pois permanecem mais tempo em contato com os pacientes e têm a oportunidade de observar, obter a confiança, interagir com eles e, conseqüentemente, colaborar para a melhoria da assistência em Psiquiatria e em Saúde Mental.
Representam a grande maioria do quadro de colaboradores do Serviço de Enfermagem, são profissionais de nível médio que executam e checam os cuidados de enfermagem de  média complexidade.Organizam-se em equipe, atuando com supervisão permanente de enfermeiro. Trabalham em ambientes fechados e com revezamentos de turnos. É comum trabalharem sob pressão, levando à situação de estresse.
Áreas de Atividades:
- Efetuar procedimentos de admissão;
- Prestar assistência ao paciente;
- Administrar medicação prescrita;
- Auxiliar equipe técnica em procedimentos específicos;
- Promover saúde mental;
- Organizar ambiente de trabalho;
- Dar continuidade aos plantões;
Competências Pessoais:
- Trabalhar com ética e respeitar o cliente;
- Zelar pelo conforto de paciente;
- Preservar a integridade física de paciente;
- Ouvir atentamente (saber ouvir);
- Observar condições gerais de paciente;
- Demonstrar compreensão;
- Manter ambiente terapêutico;
- Apoiar psicologicamente o paciente;
- Calcular a dosagem de medicamentos;
- Incentivar continuidade de tratamento.
- Observação e anotação do comportamento que o cliente manifesta. Deve ser completa e detalhada para auxiliar na prevenção de agressões, fugas e suicídio.
- Fazer um levantamento das necessidades básicas afetadas, tais como: hidratação,alimentação,sono e repouso, Eliminações, Higiene e aparência pessoal, atividade motora, proporcionar ambiente terapêutico. 
- Ser sincero, cumprir promessas feitas e orientar sistematicamente para a realidade. Estabelecer uma relação terapêutica baseada na confiança e no reconhecimento de suas qualidades e capacidades, reforçando-as.
- Ser coerente na comunicação verbal e não verbal servindo como modelo para o cliente. Não criticar ou menosprezar as idéias do cliente.
- Estar atento quanto à aceitação do tratamento. Verificar se o cliente toma os medicamentos prescritos. Estimular progressivamente a sua interação social.
- Orientar cliente e familiares a respeito da doença, dos possíveis efeitos da medicação, da importância do tratamento e de segui-lo corretamente.
XVII. PRONTUÁRIO DE ENFERMAGEM
Prontuário: É a documentação legal permanente das informações relevantes para o gerenciamento do cuidado de saúde de um cliente.

Informações em um prontuário: Identificação do cliente e dos dados demográficos; consentimento informado para tratamentos e procedimentos, histórico de enfermagem da admissão, diagnósticos ou problemas de enfermagem, plano de cuidados de enfermagem e/ou multidisciplinar, registro do tratamento com o cuidado de enfermagem e evolução, história médica, diagnóstico médico, prescrições terapêuticas, registro da evolução médica e das disciplinas de saúde, relatos dos exames físicos, relatos dos exames dos procedimentos cirúrgicos, plano e sumário de alta e outros.
Finalidades de um prontuário
Comunicação, faturamento financeiro, educação, histórico, pesquisa, auditoria, documentação Legal.
Características para uma documentação de qualidade
Ser concreto, ser exato, ser completo, ser atual, organizado, consciência da importância, responsabilidade profissional, definição clara das funções, rotinas escritas, clareza da escrita.
Como organizar um prontuário
Folha de Admissão: dados demográficos específicos sobre o cliente: Nome, número de identificação, sexo, idade, data de nascimento, nome do médico assistente, data e hora da admissão.
Folha de prescrição médica: Registro das prescrições médicas para tratamento e medicamentos com data, hora e assinatura do médico.
Histórico de admissão de enfermagem: Sumário do histórico de enfermagem e exame físico.
Folhas de gráficos e fluxo: Registro de observações repetidas e medidas como sinais vitais, peso e balanço hídrico.
Anamnese e exame físico: Resultado do exame inicial realizado pelo médico, incluindo achada, história familiar, diagnósticos confirmados e plano de cuidados.
Evolução de Enfermagem: Registro narrativo do processo de enfermagem
Registro de medicamentos: Documentação exata de todos os medicamentos administrados: Data, hora, dose, via de administração, assinatura de quem preparou e administrou.
Notas de Evolução médica: Registro contínuo do progresso do cliente e da resposta à terapia e revisão do processo da doença.
Registro das disciplinas de cuidado de saúde: Entradas feitas no registro por todas as disciplinas de saúde correlatas: Radiologia, serviço social, laboratórios.
Sumário de Alta: Condição do cliente, evolução, prognóstico, reabilitação, necessidades de ensino no momento da alta do hospital.
Orientações legais para prontuário
01. Orientação: Não rasurar, aplicar corretivo líquido ou riscar os erros feitos durante o registro
Justificativa: O registro torna-se ilegível, pode parecer que você esteja tentando ocultar a informação ou apagar o registro.
Ação Correta: Fazer uma única linha sobre o erro e escrever a palavra erro acima dela em seguida realizar a anotação correta.
Ação correta: Redigir com descrições objetivas do comportamento do cliente; os comentários devem ser colocados entre aspas.
02. Orientação: Corrigir todos os erros de imediato:
Justificativa: Os erros no registro podem levar a erros no tratamento
Ação correta: Evitar ter pressa para preencher o registro, certificar-se de que a informação está exata.
03. Orientação: Registrar todos os fatos
Justificativa: O registro deve ser exato e confiável
Ação Correta: Certificar-se de que a redação é concreta, não especular ou fazer suposição.
04. Orientação: Não deixar espaço em branco nas anotações de enfermagem.
Justificativa: Outra pessoa pode acrescentar informações incorretas no espaço
Ação correta: Registrar consecutivamente linha por linha, se sobrar espaço desenhar uma linha horizontal sobre ele e assinar seu nome no final.
05. Orientação: Redigir as informações de forma legível e com tinta
Justificativa: As redações ilegíveis podem ser interpretadas de maneira errônea gerando erros e ações judiciais. A tinta não pode ser apagada, os registros são foto copiado e arquivado em microfilme.
Ação correta: Nunca apagar os registros ou utilizar corretivo líquido, tampouco utilizar lápis.
06. Orientação: Registrar apenas por você mesma (o).
Justificativa: Você é responsável pelas informações que coloca no registro
Ação correta: Nunca registrar por outra pessoa.
07. Orientação: Evitar usar frases genéricas e vazias, como estado inalterado ou teve um bom dia .
Justificativa: A informação específica sobre a condição ou caso do cliente pode ser acidentalmente deletada, quando a informação é muito genérica.
Ação correta: Utilizar descrições completas e concisas do cuidado.
08. Orientação: Começar cada registro com hora e terminar com sua assinatura e carimbo.
Justificativa: Esta orientação assegura que a seqüência correta de eventos seja registrada, a assinatura documenta quem é responsável pelo cuidado fornecido.
Ação correta: Não esperar até o final do plantão para registrar as alterações importantes que ocorreram há várias horas e certificar-se de assinar cada entrada.

A ENFERMAGEM E O PRONTUÁRIO
A enfermagem tem como responsabilidade executar e registrar as rotinas administrativas (admissão, transferência, alta e óbito), realizar anotações no censo hospitalar, realizar anotações no relatório de enfermagem, realizar o registro da anotação de enfermagem e medicações e controles, anexar exames, manter organizado, encaminhar ao serviço de contabilidade, auditoria ou faturamento, encaminhar ao SAME.
FONTE: Apostila de saúde mental SENAC. 

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